Histórico

    No final da década de 40, o Brasil passava por um processo de redemocratização devido ao desgaste do Estado Novo, resultando no ressurgimento dos partidos políticos e do processo eleitoral. Ainda sob o impulso deste contexto, sob influência de políticos locais e em associação à crise econômica de Botucatu, surgiu tardiamente a FCMBB, que foi alocada em Rubião Júnior em um sanatório para o tratamento de tuberculosos.

    No ano de 1963, chegou a Botucatu o Professor Mário Rubens Guimarães Montenegro com uma ideia original de formar um complexo universtário e compor o quadro de professores e funcionários. Em 22 de abril de 1963, foi criado pelos estudantes o Centro Acadêmico Pirajá da Silva (CAPS) como uma entidade representativa de todos os discentes das faculdades do campus. Os princípios desta entidade eram “Liberdade e Democracia”. A primeira chapa foi composta por Humberto Magiolaro, Marco Antonio Passoni, Wanderley de S. Barros, Itamar Bessa, Antonio Fernandez Ferrari, Irene Pinto Silva, Wanderley de Souza, Arthur Roquete de Macedo e Joel Spadaro.

    Em 1964, o golpe militar determinou o fechamento de todos os Centros e Diretórios Acadêmicos, porém o CAPS se posicionou contra e teve sua primeira chapa cassada. O CAPS continuou sendo administrado por uma comissão de alunos.

    Nessa época, as principais atividades do CA eram: programa de rádio “Acadêmicos no Ar”, baile do Havaí, baile do Saci, Peruada, MASUB (Movimento de Ação Social dos Universitários de Botucatu), GATA (grupo teatral amador), jornal “O Estilete”.

    Em 1967, nossa escola estava em crise – a condições eram precárias, com dificuldades de materiais, nãso havia infra-estrutura, faltavam docentes e verbas prometidas não chegavam. Em resposta a essa precária situação, os alunos, em Assembléia Geral, organizados pelo CAPS, determinaram greve pro tempo indeterminado. Como isso não adiantou, resolveram denunciar ao país sua realidade. Estudantes e docentes dirigiram-se, a pé, até São Paulo, para falar diretamente com o governador do Estado da época, Abreu Sodré, exigindo liberação de verbas, mais docentes e condições de infra-estrutura. Essa manifestação foi denominada “Operação Andarilho”, que durou 26 dias. Os alunos ficaram acampados no Parque Ibirapuera, tiveram apoio da população e receberam artistas como Gilberto Gil e Ary Toledo.

    Muito do que foi prometido pelo governo durante a Operação Andarilho não foi cumprido. Apesar da intensa repressão política a qualquer movimento estudantil, organizou-se a “Operação Denúncia” que visava mostrar à população as dificuldades que a FCMBB ainda enfrentava.

    Os estudantes acamparam na Praça Emílio Peduti, onde iriam ficar por um ou dois dias e voltar para São Paulo. Logo no primeiro dia, a Polícia Militar e o DOPS reprimiram o movimento e os estudantes fugiram e se refugiaram no Seminário. Foram presos na ocasião Geraldo Nunes (estudante) e um sacerdote. Os alunos ficaram acampados por mais de um mês no Seminário e, depois deste período, se dirigiram à Faculdade, por lá ficando por algumas semanas até que as reivindicações fossem ouvidas. Estas foram em maior parte atendidas, sendo que o hospital foi equipado com aparelhos alemães.

    Em 1976, criou-se a UNESP, juntado os 14 institutos isolados que eram coordenados pela CESESP, incluindo a FCMBB que se desmembrou em FM (Faculdade de Medicina), FMVZ (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia), FCA (Faculdade de Ciências Agronômicas) e IB (Instituto de Biociências) como um mecanismo do governo militar para desarticular a atuação do movimento estudantil.

    Em 1977, o então reitor Luís Ferreira Martins tomou medidas que desagradaram os alunos, como extinção de departamentos, cursos e remanejamento de professores. O protesto dos estudantes frente a isso levou o reitor a ordenar a invasão do campus por tropas militares que tomaram as salas do CAPS e acabaram por desalojá-lo. Após 2 anos de luta e resistência, os estudantes, contando com o apoio dos docentes Dr. Mário Montenegro, Dra. Dinah e Dra. Cecília Magaldi, conseguiram uma nova sede no campus.

    Em 1980, os estudantes perderam o seu direito de representação nos órgãos colegiados (Câmara de Graduação e Congregação), uma implantação da “Lei Portela”, segundo a qual só teriam direito à representação discente os Diretórios Acadêmicos (e não os Centros Acadêmicos).

    Em 1981, por ocasião de uma visita do então governador Paulo Maluf, os estudantes protestaram pacificamente em ato público, pedindo ensino público e gratuito. O governo reagiu e, novamente, houve invasão do campus pelo batalhão de choque. Os estudantes coordenados pelo CAPS, em Assembléia Geral, decretaram greve e denunciaram o incidente à população.

    Em 1982, os estudantes e médicos residentes entraram novamente em greve por conta de uma grave crise na Faculdade de Medicina, que fez com que o Hospital-Escola parasse por falta de material básico. Depois disso, o hospital recebeu verbas e foi realizado um fórum no qual a representação discente da FM foi reconquistada.

    A última gestão do CAPS como Centro Acadêmico foi em 1988 quando, no 2º Congresso de Estudantes da UNESP, foi discutido e aprovado o projeto de transformação do CAPS em Conselho Acadêmico e criação dos CAs por curso. Aos poucos, o CAPS foi perdendo força e organização. Em 6 de setembro de 1990 foi fundado oficialmente o CAMED (Centro Acadêmico da Medicina) com uma nova configuração e organização, buscando uma representação estudantil que procurava capacitar melhor o estudante de medicina por meio de cursos extracurriculares, projetos culturais e de extensão universitária, lutando por maior e melhor representação estudantil nos órgãos colegiados.

    No dia 23 de setembro de 1999, os alunos da Faculdade de Medicina, reunidos em Assembléia Geral para a escolha de um novo nome para o CAMED, elegeram entre outras propostas o nome CAPS.

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Centro Acadêmico Pirajá da Silva da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP - Órgão Representativo dos Acadêmicos de Medicina da FMB – UNESP - CNPJ 00.759.245/0001-05 Inscrição Estadual Isento